Os empreendedores não tem um desafio, tem milhares e é difícil escolher o maior. Nesse ambiente hostil, trabalhar com com ideias inovadoras – em especial na Internet – sempre trouxe o desafio multiplicado por conta da rápida transformação tecnológica e um preço caro pela vanguarda. Private Equity, Angels, entre outros são alternativas para sua startup conseguir financiamento.

O Brasil por natureza é um país desafiador. Eu fiz meu Master em Administração na Inglaterra e lá o administrador que conduz a empresa a um resultado de 6% ao ano é louvado como herói. Aqui apenas o custo de capital pode variar entre 18% e 40% ao ano e, dependendo da composição do capital na empresa, faz com que precisemos ser muitas vezes mais produtivos. Não vamos nem falar do risco associado aos contratos, o peso da legislação e outras questões que tornam o nosso ambiente pouco propício para o crescimento das empresas. Por essas razões diria que é difícil sobreviver empresarialmente no Brasil e ser herói não é um mérito de um grupo seleto, é quase default para se empresariar.

Ao invés de estarmos sozinhos no campo de batalha – uma falsa crença sobre quem chega antes em mercados novos – sempre travamos os embates difíceis antes. Na nossa empresa isso exigiu muita energia que, no meu entendimento, poderia ter sido melhor aplicada. Hoje tenho certeza de que se estivéssemos sediados em outros países nossa operação seria infinitamente maior.

No nosso negócio, por exemplo, em 18 anos transformamos a empresa 4 vezes – praticamente uma vez a cada 5 anos – e hoje não fazemos nada do que fazíamos quando começamos, em 1998. Compramos empresas, vendemos ativos, reestruturamos e reposicionamos, tudo para lidar com aspectos como falta de legislação adequada, infraestrutura precária e baixo expertise profissional disponível. Tarefa dura demais para uma pequena empresa mas que talvez tenha sido o que nos manteve no mercado até hoje.

Posso até dizer para você que é mais fácil atuar hoje na Internet do que já foi ontem mas ainda assim é muito desafiador. A instabilidade é muito grande e convenhamos, é preciso de um ambiente estável para poder realizar e executar um bom planejamento.

Então, se você tem uma ideia inovadora, de vanguarda e pensa em abrir – ou já abriu – a sua Startup, prepare-se para essas intensas e constantes transformações. Sabendo que no meio desse turbilhão um dos caminhos sempre mencionados é o de encontrar um parceiro financeiro para ser o investidor na Startup, resolvi dar algumas dicas para você.

Existe um momento “certo” para ir atrás de um investidor para minha Startup?

O mercado global de funding – captação de recursos – é bem delineado e tem modelos bastante específicos. Não existe um momento “certo” ou “milagroso” para a busca de um parceiro financeiro – ou investidor – mas sim “momentos diferentes” com necessidades diferentes e resultados diferentes. Assim como as Startups, os investidores também têm perfil e cada perfil de investidor procura investimentos em uma área específica ou em uma etapa específica do negócio esperando obter resultados específicos.

As vezes você tem uma ideia de produto e não tem recursos para desenvolvê-lo. Algumas vezes você já tem um produto mas não consegue colocá-lo no mercado. Outras vezes você já tem mercado mas não consegue expandi-lo. Para cada necessidade existe um tipo de investidor e um formato de funding.

O que tenho certeza é que existe dinheiro para bons projetos, independentemente da etapa e do tamanho do negócio. Por exemplo, um investidor de Private Equity tranquilamente tem um cheque de R$200 milhões para colocar em troca de uma participação no negócio, contudo, não espera dar esse cheque para quem fature menos de R$100 milhões/ano. Já um Angel (anjo) pode dar um cheque menor para uma empresa bem menor mas precisa de um plano claro de saída para que possa realizar seus lucros. Essa saída pode ser, inclusive, vender a participação para um Private Equity, mas esse plano precisa existir.

Dessa forma é vital que o empreendedor, antes de se lançar nesse mundo, compreenda o formato e as regras de cada etapa. Quanto mais cedo ele precisar de um investidor, maior deverá ser a concessão que fará já que, em tese, ter uma boa ideia não significa nada. O mundo está cheio de boas ideias – ou ideias revolucionárias – mas transformá-las em um negócio que gera Retorno sobre Investimento (ROI) é uma outra história. Da mesma forma, quanto maior e mais robusto for o negócio melhor será a condição de negociação com seu possível novo parceiro financeiro.

Dentre os modelos, se o financiamento for público, atualmente existem recursos subvencionados (que não precisam ser pagos) e reembolsáveis. Já se o financiamento for privado ele pode ser feito através de capital social ou dívida mas sempre deverá ser pago de alguma forma.

Abaixo exemplifico:

Tipos de apoio nos diferentes estágios de desenvolvimento do negócio

Essa imagem representa os tipos de apoio existente em nos diferentes estágios de desenvolvimento do seu negócio. Ao centro o programa Finep Startup, um programa de incentivo do Governo Federal que visa estimular a inovação no país.

Qual o maior erro que posso cometer ao buscar um investidor?

Eu já participei em rodadas de análise de investimento em aceleradoras – como investidor – e vi a baixa maturidade administrativa dos empreendedores brasileiros. A grande maioria – diria que ingenuamente – acredita que é preciso pagar R$ 1 milhão para ser o financiador da sua ideia mesmo que esse empreendedor não saiba mostrar como ela retornará ou quando. Investimentos assim existem mas a taxa de aprovação é de menos de 1 projeto para cada 1.000.

Então vou te dar uma dica!

Primeiro concentre-se no modelo de negócios pois é certo que um investidor profissional tem o modelo de investimento dele. Se o seu projeto realmente é bom, tente não precisar de investidor. O crowdfunding – onde pessoas investem em boas ideias sem compromisso social – pode ser uma boa alternativa. Se isso não der certo saiba que nenhum investidor aportará recursos volumosos sem assumir o controle do negócio. Existem inúmeros casos de startups que receberam dinheiro onde o fundador inicial perdeu totalmente o controle, sendo inclusive excluído em rodadas futuras de capitalização.

Segundo, se o investidor é inevitável você deverá ter um “plano de saída” pois também é certo que o investidor tem o dele! O segredo é não virar refém. Obviamente essas coisas devem ser bem negociadas – e provavelmente serão pauta de diversas reuniões – durante o processo de construção da parceria, por isso calma é fundamental nesse momento.

Por fim, a aproximação com organizações como SEBRAE, incubadoras ou ainda Parques Tecnológicos pode agregar muito já que, em tese, essas organizações podem contribuir com as competências administrativas e de mercado do empreendedor. Não há como você empreender sem se tornar “dono” do negócio – consequentemente dominando vários aspectos – e se você deseja sempre ser o “técnico”, sugiro que reconsidere sobre trabalhar para alguém.

Espero que consiga avançar e que tudo dê certo!

Se precisar de ajuda, me avise pois estou sempre atrás de boas ideias…

E de bons planos, é claro ;D