Assim como as Revoluções Industriais, que foram mudando ao longo dos séculos os modos de produção das indústrias, hoje existe a chamada Web 3.0, a terceira vertente do universo da internet que chegou aos poucos e vem dominando setores de diversos segmentos.
Disponível há quase três décadas agora, a Web tem sido a espinha dorsal de toda a nossa existência e crescimento em questão de desenvolvimento de capacidades.
Enquanto você lê esse artigo, milhões de usuários acessam e descobrem novas utilidades e funções possíveis com essa ferramenta, criando valor para nossa economia e levando a sociedade humana a um novo horizonte.
O conceito de Web 3.0 é um pouco nebuloso ainda, não tendo exatamente uma definição clara e exclusiva.
O mais próximo que chegamos de explicar a Web 3.0 é salientar que ela usa do aprendizado de máquina, inteligência artificial e blockchain para alcançar a comunicação humana no mundo real.
A Web 3.0 tem como característica oferecer a seus usuários a posse de seus próprios dados e recompensá-los pelo tempo usando a websfera.
Para entender melhor o que significa, quais as características, aplicações e tendências da terceira onda da internet, siga lendo.
As 3 fases da evolução da Internet até a Web 3.0
Assim como o exemplo das Revoluções Industriais, é necessário entender um pouco do contexto em que a web surgiu e como se deu sua evolução até chegar de fato à seu terceiro momento.
Quando a web surgiu, precisamente em 1991, ela era um experimento para conectar pessoas de um lado a outro e divulgar informações em tempo real.
Dos anos 90 para cá, sua evolução rápida e bombástica passou a influir diretamente no comportamento da sociedade e ditar tendências globais. Hoje, nada passa despercebido.
Analisando a evolução da internet desde o seu surgimento, é possível traçar uma linha do tempo e identificar suas ‘eras’, as fases com característica evolutivas parecidas dentro das condições tecnológicas da sociedade e do padrão de comportamento dos usuários.
1. Web 1.0 – Estática
Conhecida como Web 1.0, esse período refere-se àquele logo após o grande boom revolucionário que foi a criação da internet.
Após sua apresentação ao público, o objetivo da nova esfera era muito claro: democratizar o acesso à informação.
Era algo novo e fascinante a premissa de poder acessar conteúdos sobre qualquer parte do globo com apenas alguns cliques, e, dessa forma, a internet começou a ganhar seus admiradores e entusiastas.
Muito diferente do que conhecemos hoje, navegar pela internet em seu primórdio era como descobrir, aos poucos, uma ferramenta importante na história da humanidade, como a roda, por exemplo.
Ainda que oferecendo pouquíssimas possibilidades de interação entre o usuário e o conteúdo, era um salto de inovação para o mundo.
A produção de conteúdos para a internet, naquele tempo, era bastante centralizada e restrita, não havia possibilidade de adicionar comentários às informações ou editá-las, como fazemos facilmente hoje.
Resumidamente, a produção de conteúdo ficava a cargo de provedores da internet, como o UOL, AOL, Terra e o IG, nomes muito fortes que compuseram o alicerce da web como conhecemos.
Por mais difícil que seja imaginar hoje, o Google ainda não existia e as buscas por informação eram realizadas em ambientes como o Yahoo e o Cadê.
A internet ainda copiava os modelos de distribuição de informações como o rádio e a televisão, apenas com a vantagem de acesso a qualquer hora às informações.
Era como possuir um jornal que se renovava, dentro do computador.
Na Web 1.0, havia muito consumo de informação, mas a criação de conteúdo figurava na mão de poucos, com pouco espaço para uma criação aberta. Foi a partir da mudança dessa premissa que chegamos à Web 2.0.
2. Web 2.0 – Interativa
Ficou a cargo da Web 1.0 a democratização do acesso à informação, permitindo que usuários tivessem acesso a qualquer hora do dia a conteúdos disponíveis.
Mas foi na Web 2.0 que se iniciou o processo de produção de conteúdo.
A atitude antes passiva dos usuários deu lugar à atividade e protagonismo, fazendo da internet agora uma esfera mais aberta e receptiva.
A rede mundial de computadores dava, enfim, espaço para os usuários se conhecerem e interagirem melhor, além, claro, de viabilizar opiniões junto das informações.
Dá para se dizer, então, que o grande marco da Web 2.0 é quando o público deixa de ser somente leitor e para ser o maior responsável pela criação de conteúdo online.
A ideia precursora desse movimento foi a criação de blogs, onde todo o tipo de assunto poderia ser abordado.
A facilidade com que um usuário dividia suas opiniões e divulgava informações era muito grande – e continua sendo, até hoje.
É no período da Web 2.0 que surgem os maiores e mais sólidos nomes da internet, como o YouTube, a Wikipédia, o Google e as redes sociais, como o Orkut.
O volume de dados gerados diariamente deu um salto muito grande. Foi nesse ambiente que, pela necessidade de reunir informações e organizá-las por links, nasceram buscadores como o Google.
O Google gerou o modelo atual das SERP, que utilizam critérios de SEO para otimizar a experiência dos internautas.
3. Web 3.0 – Interação Inteligente
A nova era da internet, a Web 3.0, reúne as virtudes de suas versões antecessoras e acrescenta um elemento inovador e fantástico: a inteligência artificial.
Aqui, as máquinas se tornaram aliadas dos usuários na produção de conteúdo e em toda a experiência online.
Hoje em dia, a partir do cruzamento de dados e do desenvolvimento do machine learning, podemos gerar e armazenar informações, mas não só; temos todas as ferramentas necessárias para interpretá-las.
A junção homem e máquina acabou por criar uma experiência personalizada e interativa.
Com um montante incontável de dados sendo difundidos online a cada segundo no mundo, vem também a solução de um problema que por muito tempo foi temido quando o assunto é a web: a segurança de dados.
Com uma exploração desregulamentada de informações de usuários por parte de grandes empresas, escancarou-se a centralização excessiva do poder digital na era da Web 3.0.
Para corrigir essa premissa, novas tecnologias como a criptografia, passaram a ser usadas e proporcionar aos usuários controle sobre os próprios dados.
Os internautas hoje, usando de recursos provenientes da inteligência artificial, moldam a própria navegação, sem esperar que as empresas personalizem suas experiências.
Características da Web 3.0
Algumas características exemplificam ainda mais o novo momento da internet de forma global.
Descentralização
Instituída no Brasil em fevereiro de 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados foi desenvolvida a fim de regulamentar a utilização de informações pessoais por parte de empresas e evitar uso indevido ou não autorizado de dados dos usuários.
Dessa forma, as empresas deixam de atuar como intermediárias na personalização da navegação dos usuários.
E quando falamos em descentralização, falamos além do armazenamento de dados pelas companhias; nos referimos também à totalidade do cenário digital.
Sem intermediação, a liberdade dos usuários aumenta e eles ficam responsáveis por criar as próprias redes.
Em outras palavras, na prática, diminui consideravelmente o controle que as empresas têm na experiência dos usuários.
Conectividade
Com conexões mais fortes e troca de dados mais seguras, a Web 3.0 possui informações que estão mais conectadas graças aos metadados semânticos.
Resultado disso é a experiência do usuário evoluir para outro nível de conectividade que aproveita todas as informações disponíveis.
Inteligência Artificial
Com a tecnologia disponível hoje, é possível às máquinas entenderem linguagens naturais humanas, e uma das características da Web 3.0 é que, pela viabilidade de entendimento, é possível ao computador fornecer resultados mais rápidos e relevantes para as solicitações dos usuários.
Os computadores adquirem entendimento como se fossem humanos e, dessa forma, se tornam inteligentes para satisfazer as necessidades do humano por trás da máquina.
Web Semântica
Chamamos de web semântica a ferramenta que aprimora as tecnologias da web a fim de gerar, compartilhar e conectar conteúdo utilizando meios de pesquisa e análise que tem por base a capacidade de entender o significado das palavras, em vez de palavras-chave ou números.
Em outras palavras, a internet “lê” a semântica do que está sendo solicitado e não somente busca as palavras que estão sendo usadas.
Design tridimensional
Quando falamos de design tridimensional, falamos de realidade virtual e aumentada. Por meio de tecnologias como óculos e recursos inteligentes, é possível ter contato com objetos virtuais em realidade, usando de tecnologias tridimensionais.
A partir delas, contamos com possibilidades holográficas de imagens, por exemplo.
É pela tecnologia de captura de imagens 3D que hoje já são possíveis tours virtuais, por locais e experiências de imersão.
Principais vantagens da Web 3.0
A Web 3.0 oferece inúmeras vantagens em relação às eras anteriores da internet, pela adição de inteligência artificial a todas elas.
A vida foi completamente facilitada e alguns dos maiores benefícios que esse novo momento oferece estão listados abaixo.
- Interpretação da informação: a possibilidade de buscar semanticamente resultados, não só em análises de palavras, proporciona uma melhor interpretação daquilo que se deseja e entrega o conteúdo que mais tenha conexão com o usuário.
- Assistentes de voz: é possível requisitar à máquinas diversos tipos de tarefas usando comandos de voz. Desde programar despertadores até executar tarefas como ligar ou desligar luzes.
- Criptomoedas: as criptomoedas vem ganhando cada vez mais espaço no mercado financeiro, se tornando uma opção de investimento e movimentando a economia a níveis mundiais. Além disso, a criação das chamadas carteiras digitais também chegou para revolucionar nossa experiência com dinheiro.
Exemplos de tecnologias e sua aplicação
A Web 3.0 trouxe muitas tecnologias que logo se popularizaram e que hoje, muitas vezes, os usuários não se veem mais sem.
Wolfram Alpha
O Wolfram Alpha é uma ferramenta de conhecimento computacional onde é possível fazer qualquer tipo de pergunta e conseguir em troca uma resposta exata.
Seu principal objetivo é alcançar o nível máximo de precisão de resultados e desvendar as intenções do usuário em seus requisitos.
Ele utiliza um sistema de análise de dados já registrados pela ferramenta e também aqueles disponíveis em outras páginas da web, executando o que chamamos de busca semântica.
O Wolfram Alpha aprende com cada interação e aumenta a abrangência e a precisão de suas respostas com o desenvolver dos seus recursos a partir da experiência dos usuários.
Siri
A assistente de voz da Apple compreende e executa várias ações, como programar despertadores, tocar músicas, fornecer previsão do tempo e diversas outras opções.
Você pode perguntar sobre locais próximos, datas de eventos e basicamente qualquer outro tipo de pesquisa que faria usando um buscador na internet.
Blockchain
É chamado de blockchain a tecnologia de validação de dados criada para garantir a segurança das transações com criptoativos, ou seja, a partir de criptomoedas.
É a partir dele que, de forma imutável, são realizados os registros de transações de uma empresa e a execução do rastreamento de ativos.
Ele é uma ferramenta importante para corporações porque garante informações precisas e em curto espaço de tempo.
Dentro do blockchain, todos os envolvidos acompanham os detalhes das transações e todos os ativos podem ser negociados. Isso garante redução de riscos e custos aos investidores e confiança, transparência e um panorama maior de oportunidades.
Web 3.0: tendências e perspectivas para o futuro
É possível enxergar ver muitas manifestações da Web 3.0 ao nosso redor.
Em 2022, muitas novas promessas no desenvolvimento da Web 3.0 e seu conceito de “metaverso” – mundos digitais persistentes que existem em paralelo com o mundo físico em que vivemos – são esperadas.
Algumas das principais tendências tecnológicas da Web 3.0 você descobre abaixo.
Ascendência da tecnologia em nuvem
A tecnologia em nuvem vem crescendo e se desenvolvendo de forma bastante revolucionário e, no último ano, viabilizou às empresas a execução de trabalhos de modo remoto em qualquer ponto do globo.
A pandemia trouxe novos modos de adaptação à realidade e à medida que as empresas planejam um futuro, a tecnologia em nuvem vira uma aliada sólida.
O desenvolvimento do foco no próximo ano será a implementação de estruturas mais sustentáveis, escaláveis e flexíveis em questão de tecnologia de nuvem.
De acordo com Gartner, estima que até 95% das novas iniciativas digitais em 2022 serão construídas em plataformas nativas da nuvem.
Crescimento da tecnologia 5G
A tecnologia 5G será a espinha dorsal que impulsiona todas as tendências tecnológicas daqui para a frente.
Com um alcance muito maior e mais expressivo que o 4G, a nova modalidade oferece internet com velocidade ainda mais rápida e possui maior suporte para download de códigos pesados.
Espera-se que em 2022 a tecnologia 5G tome frente e seja a conectividade de banda larga móvel mais usada a nível global.
Em constante evolução, essa tecnologia está em desenvolvimento e sua promessa de implantação é aguardada com ansiedade.
Aplicações avançadas de IA
Quando falamos de inovação, é impossível não indicar a Inteligência Artificial como um destaque tecnológico, pois a partir dela, diversos recursos que hoje consideramos essenciais foram possíveis.
Fala-se, atualmente, de novas aplicações avançadas de inteligência artificial e, dentre elas, a inteligência artificial generativa.
Ao contrário dos modelos tradicionais, que compreendem padrões repetitivos e os recriam, a IA generativa é capaz de produzir material completamente inédito.
Usando o princípio subjacente da IA, os padrões de aprendizado, ela identifica como a entrada está vinculada e usa-a para criar novo conteúdo a partir de código, imagens, texto ou entradas de vídeo.
Uma das maiores aplicações da IA generativa se encontrará em chatboots, onde o usuário terá cada vez mais dificuldade de identificar se seu contato está sendo feito com um humano ou um suporte de inteligência virtual.
Também há um grande benefício aos algoritmos de mídias sociais, que podem ficar muito mais inteligentes com a nova tecnologia e oferecer recomendações de conteúdo mais precisas e direcionadas.
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